segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um dever de todos
A coordenadora da pesquisa, Charo Sábada Chalezquer, frisou que é dever de todos essa tarefa de orientar crianças e jovens para um bom uso dessas ferramentas. "Descobrimos que somos imigrantes digitais, forasteiros em uma terra que acreditávamos ser nossa. E temos que nos adaptar a essas novas linguagens e tecnologias, porque é nossa responsabilidade educar essas novas gerações", destaca. "Cabe aos pais, à escola e à sociedade em geral desenvolver essa nova sensibilidade em relação ao uso dessas novas mídias".
No caso dos educadores, não se trata apenas de passar por uma formação tecnológica, mas de saber como lançar mão dessas novas ferramentas no processo de aprendizado. "O professor deve pôr em relação o uso dessas novas tecnologias e o desenvolvimento de habilidades criativas, de responsabilidades, da liberdade, o aprendizado do valor da intimidade, do respeito aos demais, enfim, de valores clássicos", afirma a pesquisadora.
Os dados do estudo, no entanto, revelam que os pais e professores vêm se abstendo desse papel. No Brasil, 46% dos estudantes de 10 a 18 anos afirmaram que seus pais não exercem nenhum tipo de mediação no uso da internet. É o segundo maior percentual, só perdendo para a Argentina, onde o índice alcançou a marca dos 48%. O Brasil também aparece como o segundo país (52,5%) que menos apresenta conflitos entre pais e filhos motivados pelo uso da internet, ficando atrás apenas da Venezuela (59,3%). Apenas um de cada dez participantes brasileiros declara ter aprendido a utilizar a rede graças aos seus professores.
Parte desses dados pode ser compreendida quando analisada ao lado de outra informação: a geração interativa brasileira é a mais solitária - 81% dos jovens navegam sozinhos. A formação de uma "cultura do quarto" aparece entre as conclusões da pesquisa.
O coordenador do Laboratório de Inteligência Coletiva da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Linc/PUC-SP), Rogério da Costa, chama a atenção para outra informação revelada pela pesquisa: o uso dessas ferramentas tecnológicas motivado especialmente pela necessidade de se comunicar. "As novas TICs promovem uma condição de estar no mundo, possibilitam o contato entre crianças e adolescentes, que podem se colocar, serem ouvidas, percebidas de tal maneira que, a partir daí, processos de construção do conhecimento se dão de forma diferente daqueles tradicionais".
Nesse sentido, os educadores devem atentar para o impacto positivo que o estímulo a uma intensa interação entre os alunos pode ter. "O fato de uma criança poder se colocar na posição em que ele é alguém, em que ele tem a condição de existência, em que ele pode estabelecer um relacionamento de conversa, de opinião, de decisão faz com que a condição produtiva do seu aprendizado se modifique".
Novas gerações: "nativos digitais

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